Chegou a hora da mídia brasileira virar o jogo

A deterioração do estado da mídia brasileira nos últimos 10 anos começou a afetar significativamente sua capacidade de manter a qualidade e a diversidade de pautas, profundidade de informações e busca constante por furos. Os repórteres têm cada vez menos tempo, muitos vivem sob pressão, outros sentem-se acorrentados às suas mesas com medo de fazer parte da próxima onda de demissões de sua publicação e nem ousam sair da redação; vários nem desenvolvem mais os relacionamentos e fontes necessárias para se destacarem. Enfim, esta arte – e é uma arte – está cada vez menos presente no discurso diário do jornalista. A idade média por publicação tende a cair também. Para quem é um jornalista jovem abaixo de 30 anos, isso é péssimo. É imprescindível que cada repórter tenha um mentor com um mínimo de duas décadas de experiência ao seu lado.

No lado “negro”, ou seja, para quem trabalha em comunicação, é evidente quais publicações sofrem mais e como os repórteres simplesmente não têm tempo para cultivar suas áreas de especialização. Para muitos repórteres, é um sufoco diário. Pior ainda, existem publicações em que pode haver poucos ou nenhum especialista, fazendo com que a necessidade de gerar conteúdo deixe de ser um momento prazeroso para muitos jornalistas; a consequência é que a rotina vence e a oportunidade de investigar torna-se um luxo escasso.

Para o leitor, não poderia ser pior. Os brasileiros têm cada vez menos fibra intelectual diária, e menos análise e profundidade à sua disposição, sobrando apenas matérias massificadas produzidas por linhas de produção altamente eficientes.  Para encerrar esse ciclo vicioso, precisamos voltar a ler jornais e revistas impressos ou a assinar os veículos online e parar de achar que as mídias sociais são uma fonte rica de informações confiáveis. Muitos deveriam se perguntar – quem escreveu este post? É uma fonte confiável? Qual é o seu interesse?

Do seu lado, a mídia como todo deveria parar de entregar sua análise, experiência e trabalho grátis na internet, e apenas oferecer a seus leitores trechos de seus artigos nas redes sociais, ao invés de distribuir todo o seu conteúdo de uma só vez. Está na hora de os CEOs das publicações sentarem-se juntos para discutir uma estratégia de sobrevivência para toda a indústria, educar seus públicos sobre a qualidade das informações à sua disposição, criar campanhas e mostrar a diferença das informações massificadas nos grandes portais, por exemplo, versus a análise, discernimento e furos conquistados por suas redações.

Enfim, junte-se a nós aqui na PR, cultive o hábito de ler um jornal de novo, caso você já o tenha perdido, e compre ou assine um jornal hoje. E lembre-se de que você não faz isso somente para você, mas sim para o benefício de todos.

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